segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Parábola da Borboleta


Ha quem diga que tudo tem seu tempo, seu momento. Algumas coisas não podem ser apressadas, devemos ter cautela e serenidade para compreender e poder esperar pelo tempo. Isso não significa tomar uma postura pacífica e acomodada, esperando milagres do tempo, nossas responsabilidades e escolhas são inegavelmente nossas, mas devem acontecer no tempo certo, e devem ser feitas exclusivamente por nós, no nosso ritmo e a nossa maneira,  procurando sempre esperar o menos possível dos demais e permitindo o menos possível que os outros nos apressem em nosso processo de amadurecimento ou escolha.
Cada coisa no seu tempo, desta forma, se formos mais cautelosos a tendência é ter uma vida mais tranquila, e a medida que vamos nos conhecendo e descobrindo nosso potencial, mais fácil se torna o viver. Quando conseguimos nos manter calmos e serenos, tomamos decisões mais seguras e sem pressa conseguimos fazer escolhas mais sensatas e nosso crescimento pessoal flui de forma saudável e satisfatória.

De modo geral, nossas atitudes e escolhas exigem de nós muito mais que paciência e sabedoria, exigem também certo esforço. Penso que o esforço é necessário para o nosso crescimento e fortalecimento.
Se vivêssemos a nossa vida sem passar por quaisquer obstáculos, talvez não conseguiríamos ser tão fortes quanto podemos ser. Não conheceríamos nosso potencial, não saberíamos sobre nossas habilidades e recursos. Concluindo minha reflexão, gostaria de convidar vocês leitores para a leitura e reflexão da parábola abaixo


Boa Leitura...

Parábola da Borboleta

Certo dia, um homem estava no quintal de sua casa e observou um casulo pendurado numa árvore. Curioso, o homem ficou admirando aquele casulo durante um longo tempo.
Ele via que a borboleta fazia um esforço enorme para tentar sair através de um pequeno buraco que havia no tal casulo. No entanto, sem sucesso e depois de algum tempo, a borboleta parecia que tinha desistido de sair do casulo, as suas forças haviam se esgotado.
O homem, supondo a aflição dela para querer sair do casulo resolveu ajudá-la: pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo para libertar a borboleta.
Então, a borboleta saiu facilmente, mas seu corpo estava murcho e as suas amassadas.
O homem, feliz por ajudá-la a sair, ficou esperando o momento em que ela fosse abrir as asas e saísse voando, mas nada aconteceu.
A borboleta passou o resto da sua vida com as asas encolhidas e rastejando o seu corpo murcho.
Nunca foi capaz de voar...
O homem então compreendeu que o casulo apertado e o esforço da borboleta para conseguir sair de lá, eram necessários para que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas para fortalecê-las e ela poder voar assim que se libertasse do casulo.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Adolescência, e agora?!


Frequentemente pais e educadores queixam-se pelas dificuldades em lidar com os adolescentes. De fato essa fase é complexa, requer tolerância e sabedoria de quem já é adulto e precisará acolher esse adolescente. No entanto, apesar de ser uma fase difícil, é necessária para o processo de desenvolvimento humano, ninguém se torna adulto antes mesmo de ser criança e posteriormente adolescente.

Além das queixas relacionadas aos comportamentos de filhos e alunos adolescentes, existem também as dúvidas sobre como lidar com eles de forma eficiente e menos conturbada.

Sempre afirmo ao trabalhar com famílias onde existem adolescentes, que nesta fase a família ganha um "novo membro", um filho novo, diferente, que já não é mais criança e ainda não é adulto, assim a família precisa se reinventar e encontrar novas formas de convivência, que possam ser acolhedoras, respeitando as diferenças entre os membros e sempre estimulando o diálogo. E se a família ganha um novo membro, esse adolescente também ganha uma nova família, que muitas vezes o estigmatiza, coisas do tipo "agora temos um aborrescente em casa" são muito comuns, e são causadoras de sofrimento para o jovem que vivencia os desafios desta fase. Além disso, o adolescente "ganha" um novo corpo, novo gosto musical, novas amizades, novos interesses..."Então, existe alguém novo dentro de mim, e eu não sei o que fazer com isso" (fala de um adolescente, apenas para ilustrar a angustia que pode ser experimentada nesta fase).

Uma autora escreve muito bem sobre adolescência, e escreveu em um de seus livros: "Na adolescência, a tarefa dos filhos é se diferenciar do ninho e construir uma identidade própria. Os pais procuram aquele filho que estava sempre por perto, afável, e encontram tudo mudado: a porta do quarto trancada, som em volume alto, cara amarrada" (Myrian Bove Fernandes em Clínica Gestáltica com Adolescentes, 2013).
É exatamente isso, nessa fase as coisas mudam, as pessoas envolvidas nesse processo mudam, é preciso compreender que o filho não será sempre criança, e para se tornar um adulto precisará viver a adolescência. A convivência familiar, tanto nesta fase como em todas as outras, deve ser regada de presença e participação dos pais, além de incentivo, encorajamento, muito diálogo e uma dose de proteção, para que os jovens possam assumir com segurança caminhos de responsabilidade, com orientação e carinho dos pais e professores.

Para uma convivência harmoniosa, um dos passos importantes é compreender, tanto a família, educadores como os adolescentes, que existe ai visões de mundo diferentes, permeadas por experiências diferentes, gerações diferentes em um tempo social e histórico diferente. Certamente o adolescente de hoje, não é o mesmo de vinte ou trinta anos atras. Sem ter consciência desta diferenciação, os adultos sofrem tentando compreender porque com seus filhos ou alunos é tudo tão diferente do que foi em seu tempo. Tanto as pessoas como a  educação acompanham e são diretamente influenciadas pelas mudanças do tempo e da sociedade, por isso sempre enfatizo, é preciso se reinventar, não dá pra ficar sempre contando a historinha do Chapeuzinho Vermelho e acreditar que seu filho vai achar legal!

Um dos pontos fundamentais que costumo ressaltar no trabalho com famílias e adolescentes, diz respeito a como conviver no dia-a-dia, penso que não existe receita nem mesmo mágica. No entanto, de forma geral, o mais indicado é procurar respeitar essa fase evitando estigmatização e rótulos do tipo, "mal humorado", "aborescente", "rebelde"....Afinal, ninguém é mal humorado sempre, ou estressado sempre, existem momentos ou ocasiões que nos sentimos assim, mas isso não deveria nos definir enquanto pessoas, nem da adolescência e nem na vida adulta. É preciso construir formas de conviver e educar, e isso é uma coisa que se diferencia em cada família, pois deve ser levado em conta as crenças e valores de cada grupo, não é algo feito da noite para o dia, requer envolvimento, persistência e paciência.
Outra conduta legal é mostrar para os filhos ou alunos, que os problemas ou conflitos que surgem em nossa trajetória, todos tem "solução" ou pelo menos uma forma mais harmoniosa de conviver com estes incômodos, não devemos dramatizar os acontecimentos e dar enfase para as intrigas entre amigos, fofocas, enfim, uma opção legal é apenas estar do lado deles conscientizando-os com tranquilidade e sabedoria. E não poderia deixar de mencionar como é importante o encorajamento nesta fase, encorajá-los a se expressar, a resolver seus conflitos, a superar seus medos, a fazer escolhas...Isso é fundamental!
Vale lembrar que cobranças e exigências devem ser ponderadas, afinal, se temos 17 anos é esperado agirmos com alguém de 17 anos e não alguém de 30, certo?!

E sobre o papel do psicólogo, penso que é no sentido de favorecer o crescimento pessoal dos membros da família, auxiliar a família a cultivar a união o diálogo e criar hábitos para tornar a convivência mais positiva e enriquecedora nesse momento do ciclo vital. Esta ai mais um beneficio da terapia :)

Boa Leitura! Espero que possam fazer suas reflexões!